Médico cria plano de saúde e cobra grávidas por pré-natal feito no SUS
Um médico de Goiânia estava cobrando consultas de pré-natal que deveriam ser de graça. A consulta, pelo SUS – o Sistema Único de Saúde – era vendida por R$ 200.
Com uma câmera escondida, o produtor do Bom Dia Brasil acompanhou uma grávida em uma consulta. Ela tinha horário marcado com o ginecologista Divino Anselmo Orlando, um dos donos do hospital.
“Eu tenho dois planos: eu tenho como fazer a cesariana particular e eu tenho como fazer a cesariana pelo SUS também, sem você ter que ir no SUS”, disse o médico em uma consulta.
Durante a consulta, o médico disse que se a paciente escolhesse fazer a cesariana pelo SUS, teria que pagar um pacote.
“Esse pré-natal é um pacote fixo de nove consultas que a pessoa paga durante o pré-natal. Se por ventura você quiser entrar nesse plano, eu posso te enquadrar. A consulta é R$ 200”, disse o médico.
Ele diz que o pagamento para o “pacote” de consultas feitas pelo SUS, só poderia ser feito em dinheiro vivo. O pagamento fica acertado para o dia seguinte. Como combinado, R$ 1,8 mil em dinheiro.
O Ministério Público está investigando o caso e pediu pra Secretaria de Saúde de Goiânia fazer uma auditoria no hospital. Eles querem saber se o médico recebeu duas vezes pelos atendimentos. Primeiro de pacientes e depois do Sistema Único de Saúde.
Em um recibo entregue ao Ministério Público, a paciente que fez a cesariana pelo SUS pagou mais R$ 900 para ficar em um apartamento em vez da enfermaria.
“Há indícios claros de que ao se portar nessa conduta, de induzir o paciente a pagar parte do tratamento e o restante ser custeado pelo SUS, ele poderia estar incorrendo num crime, né, descrito no Código Penal, que é o crime de concussão’, explica Carlos Eduardo Itacaramby, representante do SUS de Goiânia.
O ginecologista já responde a um processo judicial por negligência na morte de um bebê. A mulher diz que pagou ao médico R$ 2 mil pelo parto.
“Paguei tudo particular e ele me deixou na sala do Sudis. Eu paguei para a minha mãe ficar comigo, pra me acompanhar. Não tinha uma cadeira sequer para ela sentar”, conta Márcia Ribeiro da Cruz, auxiliar de serviços gerais.
Nossa reportagem tentou conversar com o médico, mas ele não quis falar. O advogado negou as acusações.
“Se existem outros processos, eu não tenho conhecimento. Especialmente esse que você está me falando de cobrança em duplicidade”, afirmou Wendel do Carmo Santana.
Reportagem: Plano SUS existe?
Carlos Eduardo Itacaramby, representante do SUS de Goiânia: Na verdade não. É um sistema público de saúde. É um sistema previsto no artigo 196 da constituição que garante a todos. A todos, indistintamente, o acesso à saúde
O Conselho Regional de Medicina também está investigando a conduta do médico, que pode responder por improbidade administrativa e por peculato, que é o desvio de recursos públicos.
A administração do Hospital Monte Sinai, onde o médico é um dos donos, não comentou.
Fonte: G1
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